3 de abril de 2017

1, 2, 3... precisamos contar?

Esta semana correu a notícia que o Pato Donald vai proibir as perguntas sobre os LGBTs no próximo censo americano, a se realizar em 2020 (clique aqui para ler Washington Post) . É claro que como outras muitas coisas que ele tentou fazer e teve que voltar atrás, pode ser que isso também não se concretize, mas a notícia por si só já é motivo para refletirmos! E nos preocuparmos se algo parecido ocorrer no Brasil.

No Brasil, como nos EUA, os LGBTs só começaram a ser "contados" no censo de 2010(1), antes disso as pessoas, as famílias e os domicílios LGBT não eram contados simplesmente porque não eram feitas as perguntas certas. Em 2010 o entrevistador passou a perguntar se a pessoa vivia com alguém, se a resposta fosse afirmativa ela questionava se era uma pessoa do mesmo sexo e depois o grau de escolaridade e renda dessa pessoa.
No censo então identificou-se 60.000 domicílios LGBT no Brasil em 2010 (um deles o meu pois declarei isso ao recenseador). Nos EUA foram identificados 400 mil domicílios LGBT, de um total de 54 milhões de domicílios heterossexuais, mas eles consideraram que havia uma curva de "não identificação" dos domicílios heterossexuais, (2) e que esse número poderia chegar a 650 mil lares LGBT. Com certeza o mesmo critério poderia ser aplicado ao Brasil, posto que em 2010 o casamento de pessoas do mesmo sexo tb não estava oficializado aqui.

Mas para que contar? Não queremos nos integrar? 

Eu entendo que é importante discriminar(3) para que se possa reivindicar diretos, leis e políticas públicas em função das perdulariedades de cada grupo. É importante contar os Indígenas para poder saber sua importância na sociedade e proteger sua cultura, é importante contar os negros, as mulheres, os trabalhadores das empresa terceirizadas e outras coisas, para poder proteger as pessoas, especialmente as que não são maiorias. 
Nunca deixaremos de ser minoria, mas não podemos deixar parecer que não existimos! É com esses argumentos - ou essa visão distorcida propositalmente - que volta de meia aparece gente querendo legislar "o cú alheio"  como recentemente quando o MP do Paraná queria impedir gays de adotarem crianças pequenas, sugerindo que só poderiam adotar crianças acima de 12 anos (lei AQUI no Blog do Projeto ACOLHER)
Foi  por isso que, em 2010, tanto no Brasil como nos EUA, as entidades LGBT fizeram campanha para mostrar para as pessoas sobre a importância de nos declararmos LGBT ao censo. 

Tenho certeza que os números dos casamentos LGBT vão dar um salto no censo de 2020, mesmo porque eles vão partir de ZERO, já que o casamento oficializado só pode existir a partir de 2013. O que deu muito mais força e direitos ás pessoas, e tornou muito mais visíveis essas famílias.
Eu tenho feito a minha parte, tenho dado cada vez mais visibilidade a minha família, em vários momentos de minha vida, no meu dia a dia, não só por orgulho dela, mas também como atitude social e política, como eu sei que muitos amigos fazem... mesmo sem terem que usar e  "roupa camuflada" né não Zé Soares?

E você, como se declarou no último censo? Como vai se declarar no próximo? Acha importante contar?



(1) Na realidade o PNAD (pesquisa nacional por amostragem de domicílios) já contava os domicílios LGBT antes de 2010
(2 ) Pelo preconceito, por medo de discriminação,  porque o casamento não estava oficializado por lá e outros motivos, incluindo ai o preconceito do entrevistador. 
(3) No sentido de distinguir, perceber diferenças, discernir, e também de listar e classificar 

8 comentários:

  1. Também declarei a condição LGBT de minha casa e sempre declararei ...

    Isto não passa nos USA, como tantas outras coisas não passaram ...

    Beijão

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  2. Estou solteiro ;) e bem solteiro :)

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  3. Anônimo12:29 PM

    Vc sabe muito bem que sou ABSOLUTAMENTE a favor dos direitos iguais. Tenho pavor é da "militância" radical dos movimentos LGBTSvdrteirndjfkturjsjf......Ninguém deve se sentir obrigado a se declarar isso ou aquilo por pressão (e os movimentos LGBT são mestres em fazer isso)!
    Trump é um imbecil em todas as áreas humanas, inclusive com a questão da sexualidade (a própria expressão ética da sexualidade dele é questionável) . Seria impossível querer que Mr. Donald fosse incoerente e fosse um liberal quanto a questão da homossexualidade.
    Quanto ao senso aqui nós declaramos como um casal homoafetivo sem problemas porque não nos sentimos envergonhados por essa situação. Também não nos orgulhamos de tal. É simplesmente um fato!

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  4. ainda é um caminho longe que trilhar, amigo.
    com certeza será!

    forca e nos resta apenas esperanca!

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  5. Anônimo10:18 AM

    No último censos estava solteiro, no próximo já não... espero eu! kkkk

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  6. Gosto muito de suas reflexes e da seriedade com que voce nos chama à pensar! Pra que contar? Resposta: oras, simplesmente porque existem!!!!

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  7. Olá.
    Tocas num assunto bastante delicado e sério...
    É pena que o Brasil se deixe influenciar tanto pelos Estados Unidos, sobre tantas e tantas matérias!
    Beijinhos e porta-te mal!! ;)

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  8. Bom, eu sou 100% solteiro. Nunca me casei nem morei junto. Então, não entro nesse censo como parte de um casal.

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