30 de julho de 2008

e se meu filho não me amar quando souber?

o amor é incondicional?

Muitos, de pronto, e de forma geral, responderiam que sim! o amor é incondicional, o amor que sentimos por nossos filhos e que nossos filhos sentem por nós é incondicional!
Mas, infelizmente, para muitos homens, que foram pais e que se descobriram homossexuais, esta afirmação vem repleta de medo e angústia.
Estes homens tem medo de que, quando contarem a seus filhos que são homossexuais, eles deixarão de ser amados por seus filhos, pois seus filhos se sentirão traidos porque foram enganados, pois seus filhos se sentirão enojados em terem um pai gay!
Eles tem medo que isto aconteça quando seus filhos tem 3 anos, eles tem medo que isto aconteça quando seus filhos tem 12 anos e eles tem medo que isto aconteça quando seus filhos tem 22 anos. Talvez sair do armário para os filhos seja mais dificil que sair do armário para os pais...
Muitos e muitos homens passam anos em casamentos sem sentido por medo disto, muitos homens se mudam de cidade e até de país para não terem que enfrentar seus filhos.
Acho que isto acontece também com crianças que já entram em lares homossexuais, de certa forma elas também "descobrirão" que seus pais (ou mães) são homossexuais, e terão que aprender o signifcado disto na sociedade.
Pais abertamente homossexuais também terão que "sair do armário" e "se explicar" para seus filhos. Especialmente na adolescência, na pré adolescência, as crianças querem ser iguais, elas querem ter pais iguais. Nós homossexuais vamos ter que explicar para nossos filhos que o caminho que seguimos não é o mais fácil...
Em certa medida também enfrentrei isto, em determinado momento tive que "contar" para minha criança que o pai dela gostava de outros homens, não como amigo, mas como alguem que queria uma vida junta com outro homem.
E depois, tive que recontar, explicando o que sentia ao beijar outro homem
E depois tive que recontar explicando que nem sempre as crianças podem ir com os pais viajar...
Ou seja, todo dia sair do armário, estabelecer parâmetros, falar o que pensa, o que acha, o que é!

Mas acho que pais heteros também fazem isto de outras formas, também tem que falar sobre amor, sobre relacionamento...mas sem o medo da rejeição, sem o medo que a verdade os faça perder seus filhos...

Mas, posso dizer uma coisa? Vale a pena!

21 de julho de 2008

Klecius em debate sobre sexualidade

Klecius Borges, psicologo especializado em terapia afirmativa, estará presente num debate na livraria NOBEl do Frei Caneca no dia 26, sábado. Acho que vai ser um evento muito interessante! Também estarão presentes Claudio Picazio e Julio Wiziack


13 de julho de 2008

Homens, Pais e Homossexuais...

Eu sei que já falei aqui no blog sobre o Grupo de Pais Homossexuais que a Psicologa Vera Moris e o Psicologo Edson Defendi organizaram. O grupo tem crescido e alguns dos novos participantes chegaram nos encontros através justamente desta divulgação que faço aqui. Hoje já são mais de 15 homens, com diferentes estórias de vida, tem gente que vem do interior de São Paulo, do Rio e de outras cidades para estas reuniões.
Além disto também existe um grupo virtual, que reúne outros pais, que não podem se reunir pessoalmente.
Recebo alguns emails e recados de homens que gostariam de saber mais sobre o grupo , pois parecem crer que as situações que eles própiaos vivem são muito diversas. Pensando nisto resolvi contar, de maneira muito superficial, qual é o perfil destes homens., sei que as informações que vou passar não vão identificar nenhum deles, porque a privacidade é algo muitoimportante neste grupo.
Cabe dizer que a maioria absoluta é de homens que se casaram, tiveram filhos e que em determinado momento perceberam que sua felicidade passava por um outro caminho. Por isto eu inverti o titulo do post, pois eles se reconheceram como pais antes de serem homossexuais.
Todos sofrem com a distância dos filhos e estão nos mais diversos estágios de assumirem sua orientação para os outros.
- Um dos membros do Grupo está sem ver os filhos há vários meses, a esposa sumiu levando os filhos e ele tem tido muito apoio de seu companheiro de 5 anos.
- Outro leva uma vida dupla, em São Paulo ele leva uma vida homossexual , onde todos sabem, onde tinha um relacionamento de conheciemnto de todos, e em sua cidade natal, uma capital de outro estado, ele nada deixa transparecer.
- Um outro vivia uma vida muito conflituosa ao lado da esposa e teve sua primeira experiència homossexual depois dos 40 anos, e foi descoberto por seus filhos, que vasculharam seu email.
- Um dos mais recentes no grupo, nunca falou para ninguem que era homossexual, as primeiras pessoas para que contou forma as pessoa d do grupo, ele terminou seu casamento sem que a esposa soubesse e temum relacionaento com uma pessoa bem mais jovem.
- Outro tem uma vida bastante aberta, com filhos já adolescentes, mas sua esposa nutre uma profunda raiva dele, oque atrapalha em muito seu relacionamento com os filhos.
- Outro, tem total apoio da esposa e uma conviência muito saudável com os filhos, saiu do armário sem grandes traumas e problemas.

Estas são apenas algumas das muitas estórias que permeiam nossa reuniões, que tem sido uma chance enorme de aprendizado e emoções.

Se você é homem, homossexual e pai, e o Grupo lhe interessa, entre em contato com a Vera no email vemoris@uol.com.br .
A próxima reunião será em 19 de julho!

10 de julho de 2008

"És impossible despertar a aquel que simula estar dormido"
*achei isto escrito num saquinho de açucar de um café em Buenos Aires...
Sabe, eu queria publicar um comentário inteligente sobre esta frase, acho que ela tem relação a muitas coisas, do dia a dia, acho que muita gente finge estar dormindo para não acordar para muitas coisas...
Eu mesmo sinto que ás vezes devia despertar para algumas coisas...

8 de julho de 2008

de volta para o armário...

ele tinha uma festa, uma reunião com os alunos da nova turma do curso de pós-graduação em que dá aulas...e tomamos a decisão que eu não iria...
eu tomei a iniciativa de propor isto, estava sentindo a tensão, algo engasgado, o que o deixou muito aliviado...
embora triste.
ele já estava pensando nisto há algum tempo, desde que tinha tido muitos problemas com uma outra turma anterior, fofoquinhas, diz-que-me-diz, não diretamente relacionadas ao fato dele ser gay, mas uma ingerência muito grande na vida privada, e olha que estou falando de gente formada, culta...
ao mesmo tempo ele sabia que propor uma coisa destas feria profundamente tudo pelo que batalhamos e lutamos, para sermos aceitos de maneirta natural, para sermos respeitados, como homens e como casal.
ele sabia que eu poderia me magoar.
mas amar alguém também é isto, é não querer impor só o que se sente, mas o que é real, o que é possível. e ele também se sentiu magoado em tomarmos esta decisão, porque, afinal de contas foi uma decisão conjunta.
pensamos em carreira, pensamos na real necessidade de darmos espaço a pessoas quenada significam em nossa vida.
voltar para o armário numa situação desta pode parecer covardia, medo, pode mesmo, eu, que sou super beligerante, adoro enfrentar uma rusga. mas não preciso enfrentar as rusgas! ou criá-las!
eu sou muito mais militante que ele, aliás, ele só participa das militâncias por me amar, ele gosta mesmo é de aporveitar os momentos livres para descansar...pense em alguém que gosta de dormir!
mas dar um passo atrás, manter-se sereno, ficar em casa, pode parecer inteligência...
ficamos ambos magoados, mas ficamos tranquilos por uma decisão madura, pensada, de respeito aos limites de cada um.

o mais engraçado é que a maioria dos que foram á festinha também não levaram os pares...achoque também não queriam expor-se sem necessidade...


5 de julho de 2008

Projeto Purpurina - divulgando

Projeto para adolescentes e jovens GLBTs idealizado pelo GPH - Grupo de Pais de Homossexuais.

Assunto: Identidade sexual e papéis sociais
Coordenadores jovens do encontro: Diu, Michele e Danilo

Local: Escola da Rainha - Rua Rodésia, 213 - Vila Madalena - São Paulo
Horário: Dia 06/07 - 15 horas
Condução no Terminal Vila Madalena do metrô

Apoio: GPH - Associação Brasileira de Pais e Mães de Homossexuais
Escola da Rainha; CADS; Secretaria da Saúde do Município de São Paulo.

Orkut: "Projeto Purpurina"
projetopurpurina@ gmail.com

outros que não existem...

O GLOBO REPORTER desta sexta falou sobre um contingente enorme de brasileiros que NÃO EXISTEM...
Não existem porque não tem documentos, não existem porque sua existência não está registrada num certidão de nascimento...
Com são pessoas que não existem, elas não podem se matricular na escola, nem pedir aposentadoria, nem fazer uma vigam de onibus!
Engraçado como dá para fazer um paralelo com os homossexuais não é? Somos pessoas que não existem, que não podem pedir coisas porque não tem documentos, cujos relacionamentos e amores não são aceitos e atestados.
Pessoas que não existem! Não quero me sentir assim !

3 de julho de 2008

um relacionamento maduro...

Na morte de D. Ruth Cardoso me chamou a atenção o fato dela e do Fernando Henrique terem ficado juntos por mais de 50 anos. O que não é tão raro assim nos relacionamentos heterossexuais ainda é um certo fenômeno entre os homossexuais, em especial entre os homossexuais masculinos.
A vida homossexual tem muitos paradoxos que fazem com que a construção dos relacionamentos seja totalmente diferente. Acho que o primeiro ponto a considerar é que a biologia não age para manter dois homens ou duas mulheres juntos, eles não terão filhos biológicos em comum, o grande elo que une duas pessoas. (opa! une mas não mantém juntos, filhos não salvam casamentos!)
Depois, no caso dos homens, existe gente que acredita numa certa propensão a "ciscar em terras alheias" e a "experientação", dizem que é uma determinação programada em nossos genes, que o ser humano macho deve espalhar suas sementes para garantir a procriaçao da espécie...Eu, pessoalmente, acho que isto é uma desculpa boba ( ou desculpa BIBA? hehehehe) de quem gosta de pular a cerca, o ser humano tem condições de racionalmente decidir o que quer fazer.
Eu estou com meu NAMORIDO há quase seis anos, já tivemos alguns baixos, mas nossa vida está sendo construida nos altos, cada ciclo é melhor que o anterior, ambos crescemos como pessoas e como homens gays, inventando um modelo que não temos de onde copiar.
É verdade que um relacionamento maduro, longo, tem um pouco menos de sexo, e sei que isto assusta os mais jovens, eu também me precoupava com isto, mas eu percebi que verdadeiramente a periodicidade não diminui tanto assim, o que acontece é que você sabe que estará com aquela pessoa amanhã, e depois de amanhã, e depois, e sabe que se hoje vcs não transarem porque alguem tem que acordar cedo ou porque está verdadeiramente cansado, isto não é um problema, não é desamor.
Em compensação eu acho muito legal vc conhecer todos os cantinhos da pessoa, todos os lugares que "ligam", ter seu espaço de pedir, de falar...é bom viu! Dormir com alguém com quem vc quer acordar muitas e muitas vezes junto é muito bom.
Saber se a pessoa gosta de chocolate com amendoas, se divertir quando ele pede sempre o mesmo prato, em todos os restaurantes, adivinhar os pensamentos e aprender a não adivinhar TODOS os pensamentos da pessoa.
E, no meu caso, perceber que os filhos também gostam do seu amor é importante...e isto só o tempo vai conquistar..
Num relacionamento é muito importante deixar espaço para o outro, e ai a biologia tb é determinante, seres humanos do sexo masculino são muito mais independentes e não gostam de se sentir aprisionados, se o relacionamento for uma prisão ele não vai funcionar para dois homens, mas isto não significa relacionamento aberto, dar liberdade pode ser tão simples quanto não ficar perguntando: No que vc está pensando? O que vc está fazendo? Vem aqui ficar comigo?
Eu não tenho nada contra quem gosta de zoar, que não quer "se amarrar" a ninguém, a felicidade tem muitos caminhos diferentes, para uns a velhice assusta e isto é real, não e ruim viver cada momento como se fosse hoje.
E quer saber de uma coisa, longos relacionamentos gays e lesbicos nao são tão raros assim! Cada vez que um estado americano ou um pais europeu aprova o casamento entre iguais vc já reparou quantos velhinhos e velhinhas aparecem na fila?
Eu gosto de estar casadinho!!!
E você?