29 de maio de 2007

"Filha, sou gay"
reportagem publicada na revista CAPRICHO, escrita por Eliane Quinalia

Tamires, Marco, Jaqueline, Ramon, Rafael e Carolina têm duas coisas em comum. A primeira é que seus pais gostam de pessoas do mesmo sexo. A segunda é que eles encaram isso numa boa.

"Senti uma raiva incontrolável"
Marco, 15 anos, Formiga (MG)

"Meu pai sempre saía com o vizinho para jogar baralho. Um dia resolvi segui-los. Vi que eles andaram até uma casinha em um terreno abandonado e fui espiar. Para minha surpresa, quando me aproximei, vi meu pai nu e o vizinho beijando-o. Fiquei muito confuso. Corri para casa e me tranquei no quarto.
Perguntei para minha mãe se um homem podia beijar outro, mas ela respondeu que isso era comum e se chamava homossexualismo. Eu tinha 13 anos e só então fui entender o que era um gay. Minha vida parou. Mais tarde, meu pai tentou me explicar que era normal gostar de outro homem. Senti uma raiva incontrolável, não gostava da idéia de ter um pai gay. Três meses depois, ele foi morar em outra cidade com o rapaz. Não guardo mágoas, mas sinto a falta de um pai. Hoje conversamos menos, mas nos damos bem."

"Ela nos chamou na sala e apresentou sua namorada"
Rafael, 18 anos, Sorocaba (SP)

"Em um sábado, estava jogando videogame com meu irmão caçula quando minha mãe e uma amiga nos chamaram para ir à sala. Ela nos contou que estava apaixonada pela amiga, a Celina. Disse que se amavam e perguntou nossa opinião: ela podia morar conosco. Abracei ela e disse que, se ela estava feliz, nada importava. Meu irmão, na época com 6 anos, comentou que gostaria de levar as alianças se elas casassem. Eu, com 11, não fiquei confuso, pois meus pais sempre tiveram amigos homossexuais e isso já era uma realidade em nossa vida. Ela ter contado só contribuiu para aumentar nossa afinidade. Hoje minha mãe é meu porto seguro, e a confiança que deposito nela se deve a essa relação de honestidade."

"Só quando meu irmão perguntou, meu pai assumiu"
Carolina, 20 anos, Porto Alegre (RS)

"Um dia, meu irmão levou a namorada na quitinete do meu pai, que estava separado há 4 anos. Quando abriu a porta, viu um homem dormindo na cama. Saiu sem fazer barulho. Em casa, me contou o que tinha visto. Na época, eu tinha 17 anos e me lembro de dizer: 'Bom, só falta ele assumir'.
Meses depois, vimos um rapaz com a bandeira gay. Aproveitei a ocasião: 'Pai, homem que gosta de homem é gay?' Ele confirmou e meu irmão perguntou: 'E tu, pai, é gay?' Ele assumiu. Mais tarde, demos nosso apoio.Nossa relação continua a mesma, até saímos juntos para a noite gay. A única exigência é que ele nunca beije outro homem na nossa frente."

"Ajudei minha mãe a arrumar uma namorada"
Jaqueline , 18 anos, Santo André (SP)

"Um dia, minha mãe estava triste e não parava de chorar. Alguns amigos apareceram em casa para consolá-la. Foi impossível não ouvir o que falavam: minha mãe tinha descoberto que a companheira a traiu após 13 anos juntas.
No dia seguinte, no caminho para a escola, eu disse: 'Mãe, não fica triste, não. Ela volta. É só briga de rotina'. Ela ficou boquiaberta, não imaginava que eu soubesse, apesar de eu já ter 15 anos. Então me abraçou e perguntou por que não falei antes. Expliquei que estava esperando ela contar. Não me importava: se ela estava feliz, tudo bem, não deixaria de ser minha mãe. Depois disso, a ensinei a usar a internet para encontrar alguém. E deu certo! Hoje somos uma família normal, ou melhor, diferente: eu, minha mãe e minha segunda mãe - uma gaúcha trilegal."

"Às vezes as piadas machucam, mas não me sinto humilhada"
Tamires, 19 anos, Salvador (BA)

"Um dia meu pai foi me visitar no colégio. Quando ele foi embora, todos meus amigos riam e diziam: 'Tamires, teu pai é gay! Olha só como ele fala'. Confesso que até aquele momento, nunca tinha percebido nada.
Um ano depois, fui morar com ele. Meu pai era separado e dividia a casa com outro rapaz. Não apenas a casa, mas a cama também. Eu sempre quis acreditar que meu pai estava apenas ajudando um amigo, mas nunca tive coragem de perguntar. Passado mais um ano, encontrei um filme pornô gay no quarto dele e só então comecei a desconfiar de verdade. Após alguns dias, ele me contou. Estava deitada no sofá e meu pai cruzou a porta todo estressado. Acho que queria pedir um conselho e, como não tinha mais ninguém em casa a não ser eu, resolveu contar a verdade. Disse que era homossexual desde os 15 anos e que sofreu muito preconceito. Que essa vida era muito difícil e um dia, em uma tentativa de ser 'normal', encontrou minha mãe e me fez. Eu fiquei surpresa, mas nem tive tempo de raciocinar. Meu pai mal terminou de contar e veio me pedir conselhos sobre o namorado. Mesmo chocada, dei minha opinião. No dia seguinte, fiquei com muita vergonha. Quando ele passava ou falava comigo, eu ficava sem graça. Tinha a esperança de que não fosse verdade, mas comecei a reparar nas amizades dele: todos eram gays! No começo, foi estranho, mas aos poucos me acostumei. Às vezes acho difícil agüentar as piadas, mas não me sinto humilhada. Hoje, sou sua conselheira afetiva."

"Me dei conta de tudo aos 6 anos"
Ramon, 18 anos, São Gonçalo (RJ)

"Desde que nasci, fui criado por minha mãe e outra mulher. Inconscientemente, percebia que elas eram um casal - elas dormiam juntas, por exemplo. Isso ficou matutando na minha cabeça. Eu tinha 6 anos e não lembro nitidamente como foi, mas me lembro de deitar na cama junto com minha mãe e sua companheira e perguntar.Minha reação à resposta foi natural, até porque nem tinha muito contato com o 'mundo hétero'. Hoje tenho um ótimo relacionamento com minha mãe, mas não é porque ela é homossexual que vou sair contando. Quando algum amigo descobre, eu explico. Na real, as pessoas reagem tão naturalmente que até me impressionam."

23 de maio de 2007

A Mama, o Papa e as Biba!

Isto ficou ecoando na minha cabeça por uns dias...
Acho que não foi coincidência que o Papa estivesse no Brasil justamente na semana do dia das mães, e que esta data coincidisse com o dia mundial de luta contra a homofobia. Estes acontecimentos estão bastante entrelaçados.
O Papa, ele, de certa forma, reprensenta a homofobia, como chefe de legiões de homens e mulheres ele conclama todos a lutarem, como católicos, contra o casamento gay, contra a homossexualidade, em favor de um pseudo "moral" e valores familiares dos quais ele, que nem casado e filhos tem, pode falar.
Aliás, o Papa deveria ser o primeiro a defender os valores das famílias não tradicionais, pois ele mesmo tem como família, como seres que se relacionam e zelam por ele, outros padres e freiras dos quais ele não é parente, mas com certeza se sente parte da familia e é com quem ri, chora, e divide momentos de intimidade e relaxamento.
Já o grande contraponto da homofobia é a Mama, a Mãe, que normalmente defende com unhas e dentes sua prole, inclusive a prole homossexual - mesmo que em determinados momentos ela possa sofrer um choque inicial, a grande maioria das estórias termina numa mãe que aceita e apoia o filho ou filha.
Para a Mãe, filho é filho, e ela pode se tornar um bicho contra os que ameaçam e prejudicam seus filhos.
Sei que muitos jovens e adultos que se consideram católicos ficam muito magoados com as atitudes do tal "santo padre", mas a maioria deu sorte, na mesma semana puderam receber o abraço e o beijinho da Mama.
Agora, se sua mãe ainda não se relaciona bem com sua orientaçao sexual, eu sugiro que você acesse o site do Grupo de Pais de Homossexuais, GPH, mantido pela escritora Edith Modesto, e converse com eles, quem sabe isto pode ajudar, o site deles é www.gph.org.br

21 de maio de 2007

homenagem as mães!

poxa, com a correria da semana passada acabei me esquecendo de postar algo para homenagear ás mães, ás grandes amigas de seus filhos e filhas gays! então aqui vai uma estorinha para provar que as mães são insubstituíveis:

Um canibal convidou o amigo, tamém canibal, para um churrasco na casa dele.
Quando o churrasco acabou e o convidado estava se despedindo ele disse:
- Adorei o churrasco, a carne estava uma delícia, você precisa me convidar outra vez!
- Impossível - respondeu o anfitrião
- Mas porque, perguntou o convidado - eu fiz algo que deixou você chateado?
- Não, não é por isto, mas é que eu jamais vou conseguir repetir esta receita - respondeu o anfitrião - Mãe só tem uma!

20 de maio de 2007

Histórias que nos interessam...

(publicadas na revista veja desta semana)

Como qualquer outra família
Vasco Pedro da Gama Filho, 35 anos, cabeleireiro de Catanduva (SP). Ele vive com o companheiro Júnior de Carvalho, 43 anos
“O Júnior e eu estamos juntos há quinze anos e sempre quisemos ter um filho. Nossa primeira tentativa de adoção foi em 1998. Sabíamos que seria impossível obter isso como casal e, então, entrei com pedido de adoção sozinho para depois o Júnior entrar com o pedido de paternidade. Ainda assim, o juiz negou, alegando que se tratava de uma ‘relação anormal’. Tentamos novamente em 2004 e, finalmente, conseguimos entrar na fila de adoção. No final do ano seguinte, conhecemos a Theodora, hoje com cinco anos. A juíza que cuidava do caso autorizou que ela passasse as festas de final do ano com a gente. Em seguida, consegui uma guarda provisória de um mês e a adoção definitiva saiu em março do ano passado, em meu nome. Dois meses depois, o Júnior entrou com o pedido de paternidade e, em novembro, obteve esse direito. O que nos ajudou a conseguir a adoção de Theodora foi a mudança na mentalidade das pessoas. Sentimos que o preconceito contra a homossexualidade diminuiu muito da segunda vez que entramos com o pedido, em 2004, em comparação à primeira vez, em 1998. Da segunda vez, vários empresários da cidade e donas-de-casa vieram nos cumprimentar, dizendo que torciam para que a gente ganhasse a criança.
A Theodora estuda num colégio particular das 13h às 17h. De manhã, a gente prepara o lanche dela, confere as tarefas escolares e almoça junto. À noite, damos banho e preparamos o jantar. Nos finais de semana, levamos nossa filha à lanchonete, à pizzaria ou vamos à casa de amigos. Estávamos preocupados com a possibilidade dela sofrer preconceitos, mas isso não aconteceu. Ela freqüenta o clube da cidade e sempre é chamada para a festa de aniversário dos amiguinhos. Vamos à reunião de pais e mestres, freqüentamos festinhas escolares. Enfim, somos como qualquer outra família.
União Estável

Toni Reis, 42 anos, professor de inglês e português. Ele vive em Curitiba (PR) com o tradutor inglês David Harrad, de 49 anos
“O David e eu estamos juntos desde 1990. Nos conhecemos em Londres e, um ano depois, viemos juntos para Curitiba. A única opção que o David tinha de ficar aqui era por meio do visto de turista. Quando o documento venceu, ele continuou no país de maneira irregular. Não podia trabalhar e vivia sob a ameaça de ser descoberto pela Polícia Federal. Não havia outro jeito, porque não podíamos nos casar e nossa relação não era reconhecida como união estável. David foi descoberto em 1996 pelos policiais federais e acabou sendo levado à delegacia e notificado para deixar o Brasil no prazo de uma semana.
Decidimos, então, tornar o caso público. Levamos a história à imprensa e a repercussão foi enorme. Ganhamos o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e vários deputados federais, entre eles Marta Suplicy e Fernando Gabeira, fizeram uma romaria pelos Ministérios da Justiça e do Trabalho em nosso favor. A mobilização deu resultado e o David conseguiu um visto temporário, que precisava ser renovado de tempos em tempos. Em 2003, conseguimos na Justiça uma liminar reconhecendo nossa união estável e, em 2005, David obteve finalmente o visto permanente, porque o Conselho Nacional de Imigração nos reconheceu como uma ‘reunião familiar’, da mesma maneira que ocorre com os casais heterossexuais que vivem em união estável. Queremos agora adotar duas crianças e já entramos com o pedido na Justiça.”

Pensão do INSS

Isidoro de Souza Rezes, 40 anos, comerciário gaúcho
“Vivi com meu companheiro, o funcionário público gaúcho Ricardo Pecin Couto, durante onze anos e meio. Ele era funcionário da Caixa Econômica Federal em Porto Alegre. Em 1994, a Caixa começou a fazer o recadastramento dos funcionários no plano de saúde. O Ricardo tentou me incluir como seu dependente, mas minha inclusão foi negada porque, segundo a empresa, ‘família era constituída de homem e mulher e ponto final’. A partir daí, ele passou a ser alvo de piadas dentro do banco. Então, no ano seguinte, resolvemos entrar na Justiça para solicitar essa inclusão. A sentença foi parcialmente favorável a nós. Com ela, consegui ser incluído no plano, mas ainda assim não obtivemos o reconhecimento da união estável. Em 1999, o Ricardo faleceu de AVC, aos 32 anos, e a Caixa tirou meu benefício. Tive de entrar na Justiça mais uma vez para obter o reconhecimento da união estável e ter direito à pensão do INSS. A decisão saiu em 2001. Fomos o primeiro casal no Brasil a ter reconhecimento de união estável entre dois homens.”Copyright © Editora Abril S.A. - Todos os direitos reservados

13 de maio de 2007

Xisvêi

Bom, com este bombardeio de Bento Xisvêi nos últimos dias, fica difícil ignorar a presença do tal "santo padre" em São Paulo. Mesmo porque eu perdi dois dias de um curso que tinha na Barra Funda por conta de sua "santidade", e vou ter que reorganizar toda minha vida esta semana para repor o curso!
Não sou católico, ponto.
Aliás, sou SIM, porque ser "Katholiko" é ser da Igreja do Povo, e a Igreja de Roma não é a única Igreja do Povo!
Eu acredito em Deus, ponto.
Não sei que nome devemos dar a este cara, Deus, Maomé, Buda, Omri ou outra coisa. Mas acredito numa força espiritual maior, que conspira a nosso favor, uma força de amor, uma força que une as mentes das pessoas, talvez as pessoas vivas e as que já "desencarnaram" como diriam os espíritas.
Enfim, acredito que somos colocados nesta vida com propósitos bons, que Deus ama os gays, e todo os outros também, e quer que sejamos felizes. E se não conseguimos isto, eu acho que é mais porque não conseguimos entender alguns caminhos e desvios de rota, do que propriamente a açao do MAU e das forças ruins.
O complicado nas religiões não é eles quererem defender uma ou outra visão de seu Deus, e no caso das religiões que tem Deus e Jesus como base estas visões são incrivelmente distorcidas! O problema é quando eles resolvem IMPOR esta verdade para os outros.
Quando um missionário, um "crente" ( estou usando esta palavra por falta de outra, sem nenhuma intenção de ofender) bate na porta de sua casa para falar de Deus, de Cristo, de Adam Smith ou quaulqer outra religião, eu acho isto muito legal, acho que eles tem o direito de propagar a sua fé, o que acreditam! Eu mesmo defendo muitos pontos de vista apaixonadamente.
Mas quando eles começam a achar que eu vou arder no fogo do inferno por não aceitar a VERDADE que ele quer que eu aceite, é ai que a coisa pega.
O time do Xisvêi defende idéias incríveis, a paz, o amor incondicional, o acolhimento, a caridade, são pontos de vista incíveis! O problema é eles também quererem legislar sobre o comportamento da pessoa, sobre como não deve agir, sobre quem deve amar e como deve se casar e criar seus filhos.
E quando falo em LEGISLAR, eu estou falando em fazer lobby, eleger deputados e senadores, marcar entrevista com o Presidente e o Xisvêi, dizer que é contra o uso de camisinha publicamente (e eles aliás tinham que ser processados pelo ministério da saúde quando dizem isto!) dizer que gays serão aceitos no seio da Igreja (mas não em seus seminários) desde que resolvam não exercer sua sexualidade e afetividade pois Deus (na versão da Igreja de Roma) não aprova isto!
Ou seja, a liberdade deve ser para todos, as opiniões discordantes são importantes, defender pontos de vista apaixonadamente, falar, pregar, tentar convencer, trazer o outro para o seu lado.
O que não pode é jogar bomba (na irlanda), explodir hospitais (no iraque), trucidar inocentes (na india), queimar pessoas (nos estados unidos), proibir de usar esta ou aquela roupa (no irã), jogar gás sarin no metrô (no japão), agredir participantes da parada gay (em israel), espancar gente na rua (em são paulo), e tantas outras barbaridades, em nome de Deus, ou , como sabemos, fingindo que fala em nome de Deus!
E, antes que eu esqueça, um beijão para você Xisvêi!

10 de maio de 2007

PAPA SUCKS!


Enquanto milhares de casos de abusos sexuais de padres são revelados no Estados Unidos e no Mundo, as coisas mais importantes a combater são o uso da camisinha e o casamento homossexual!

2 de maio de 2007

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao tamanho original"

frase atribuida a Albert Einstein